No dia 22 de agosto, o Brasil assumiu o 3º lugar no ranking de países com o maior
número de infectados com o MPXV no mundo, foram confirmados 3.788 casos até
esta data. Os casos iniciais no Brasil foram associados a viagens, no entanto,
atualmente, já tem sido constatada a presença de transmissão local.
No texto de hoje, iremos detalhar várias dúvidas comuns para te ajudar a entender
mais sobre a doença e não cair em informações falsas. Vamos lá?
O que é Monkeypox?
A Monkeypox (MPX), conhecida popularmente como varíola do macaco, é uma
doença causada pelo vírus Monkeypox, do gênero Orthopoxvirus, da família
Poxviridae. É considerada uma zoonose viral, ou seja, uma doença transmitida dos
animais para os seres humanos, mas também é transmitida de humano para humano.
O nome deriva da espécie de primata em que a doença foi inicialmente descrita, em
1958, na República Democrática do Congo, na África, sendo que o primeiro caso
humano foi registrado em 1970. A MPX ocorre principalmente em áreas endêmicas, de
floresta tropical da África Central e Ocidental, e é ocasionalmente exportada para
outras regiões, como neste surto da doença que está ocorrendo em 2022, em todo o
mundo.
No dia 26 de junho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que a situação
da monkeypox já se tornou preocupante no Brasil. Ainda assim, aqui, a doença ainda
não chegou ao status de epidemia, mas pode ser considerada um surto, já que houve
um grande aumento localizado do número de casos.
Monkeypox e Varíola Humana
Apesar de terem algumas semelhanças, os vírus monkeypox, conhecido como vírus
da varíola dos macacos, e o smallpox, da varíola comum, são diferentes. Isso porque
ambos têm distinções na sua estrutura, na forma de transmissão e no potencial de
gravidade e letalidade, que diferencia a maneira como ela afeta os humanos.
Os dois vírus são da mesma família, que é a Poxviridae, e do mesmo
gênero Orthopoxvirus, e têm uma identidade genética bastante grande, de quase 90%.
Porém existem diferenças nos dois vírus que fazem com que a varíola infecte apenas
os seres humanos e o monkeypox tenha outros tipos de hospedeiros, além dos seres
humanos, como os macacos e os roedores.
Transmissão
A transmissão ocorre de pessoa para pessoa através do contato direto com as lesões
ou fluidos corporais, secreções respiratórias (contato prolongado) e objetos
contaminados, bem como a transmissão por um animal.
Transmissão humano-humano
O contato pele a pele próximo e prolongado, inclusive durante a atividade sexual,
parece ser o principal meio de transmissão. Contato direto com indivíduos que
apresentam lesões em pele e mucosa, seja pele-pele, mucosa-mucosa ou ainda
mucosa-pele, onde o vírus entra em lesões de pele, mucosas (oral, faringe, ocular e
genital).
Há também a possibilidade de transmissão de gotículas e aerossóis, onde o vírus
entraria pelo trato respiratório, esta última forma, provavelmente, necessitando de
maior exposição para o contágio. Esta é uma forma muito similar à transmissão do
vírus da covid-19.
A transmissão se dá na fase de lesões de pele ativas, no contato próximo com o
paciente, e o período de transmissão pode variar, sendo que em geral termina quando
as lesões cicatrizam completamente, com a formação de uma nova camada de pele.
Existem dúvidas na literatura se o contágio poderia ser anterior à fase de lesões
cutâneas.
A transmissão sexual tem sido divulgada, não só pelo contato com mucosas
lesionadas, mas pelo fato de o vírus ter sido identificado em material seminal. Assim, a
OMS recomenda abstinência sexual na fase de lesões não cicatrizadas e uso de
preservativo para qualquer forma de ato sexual (anal, oral ou vaginal) nas 12 semanas
subsequentes à cura das lesões.
Apesar de o risco de transmissão generalizada permanecer baixo, a rápida
identificação e o isolamento dos indivíduos afetados são fundamentais para evitar
transmissão adicional.
Ambientes contaminados
Existe relato de transmissão a partir de vestimentas e roupas de cama contaminadas.
A hipótese é que partículas virais ficariam grudadas nesses tecidos e, se estes forem
sacudidos no ar, poderiam produzir partículas potencialmente inaladas ou que
penetrem em lesões de pele ou mucosa.
A persistência da partícula viral em superfícies de diferentes tipos varia de 1 a 56 dias,
dependendo das condições de temperatura e de umidade do ambiente. Embora a
transmissão por superfície e objetos seja possível, o real papel dessa forma de
transmissão ainda não é bem esclarecida.
Contato animal-humano
Essa transmissão é pouco estudada, mas se infere que possa ocorrer por meio de
arranhões, mordidas, caça ou manuseio de animais em armadilhas, manipulação de
carcaças contaminadas ou ingestão de animais contaminados.
Sintomas e duração da doença
Os sinais e sintomas da MXP duram de duas a quatro semanas. O período de
incubação, no qual a pessoa infectada é assintomática, é tipicamente de seis a 16
dias, mas pode chegar a 21 dias. É comum que as pessoas infectadas apresentem
antes das lesões na pele, febre súbita, dor de cabeça, dores musculares, dores nas
costas, adenomegalia, calafrios e exaustão.
Já as lesões na pele, sintoma mais característico da doença, ocorre entre um e três
dias após os sinais e sintomas iniciais, passando por diferentes estágios até sua
cicatrização final. Quando aparecem, as lesões têm diâmetro de meio centímetro a um
centímetro, e podem ser confundidas com varíola humana, herpes-zoster, herpes
simples ou sífilis. A principal diferença é a evolução uniforme das lesões na MPX em
relação às outras doenças.
As lesões são bem circunscritas, frequentemente descritas como dolorosas, profundas
e com frequência desenvolvem umbilicação. Também, mostram-se relativamente do
mesmo tamanho e no mesmo estágio de desenvolvimento em um único local do
corpo. Durante a evolução da doença, as lesões se apresentam em diferentes
estágios (máculas, pápulas, vesículas, pústulas e crostas) até a cicatrização final.
A erupção pode começar nas áreas genital e perianal e nem sempre se disseminar
para outras partes do corpo. Além disso, depois de um a três dias da aparição dos
sintomas, começam a surgir as características lesões na pele, que aparecem na
cabeça, na face e no pescoço, descendo, então pelo tronco e chegando às
extremidades em um processo que pode levar até 21 dias. É frequente aparecerem
lesões nas palmas das mãos e plantas dos pés.
É importante saber que a interrupção do contágio ocorre somente quando todas as
lesões estão reepitelizadas, ou seja, após a cicatrização total da pele.
Diagnóstico inicial e confirmação
O diagnóstico inicial é feito pela anamnese do paciente, com avaliação dos sintomas
gerais e das lesões na pele, além da exclusão de outras doenças, como sífilis e
herpes. Porém, a confirmação da infecção pelo vírus MPXV é feita somente pela
detecção de DNA viral por teste de amplificação de ácido nucléico, usando reação em
cadeia da polimerase (PCR) em tempo real ou convencional.
O material biológico ideal para o diagnóstico molecular de Monkeypox vírus em
paciente com suspeita de infecção deverá ser da secreção de vesícula (fluidos da
lesão) e da crosta de lesão, sendo a secreção da vesícula, a amostra preferencial (por
ter maior carga viral). Se não houver lesão não há material a ser coletado.
Outros tipos de amostras como, por exemplo, secreção de orofaringe e secreção retal
e/ou genital, coletados com swab, poderão ser coletados caso o paciente tenha lesões
apenas nesses locais. Mas não são as amostras preferenciais.
Tratamento
O tratamento da Monkeypox é baseado em medidas com o objetivo de aliviar
sintomas, prevenir e tratar complicações, além de evitar sequelas.
Em caso suspeito da doença, deve ser realizado o isolamento imediato do indivíduo, o
rastreamento de contatos e vigilância adequada dessas pessoas. O período de
isolamento individual só deverá ser encerrado com o desaparecimento completo das
lesões.
Vacina
A doença ainda não tem uma vacina específica, mas três vacinas contra a varíola
humana podem ser usadas contra a varíola dos macacos. Dados iniciais apontam que
o imunizante produzido pela Bavarian Nordic tem efetividade de 85% contra a varíola
dos macacos.
A vacinação contra a varíola tradicional é eficaz também para a varíola dos macacos,
mas a OMS explicou que pessoas com 50 anos ou menos podem estar mais
suscetíveis já que as campanhas de vacinação contra a varíola foram interrompidas
pelo mundo quando a doença foi erradicada em 1980.
Ainda não há vacina específica contra a MPX no Brasil, bem como também não há
vacina disponível para a varíola humana, erradicada no país há mais de 40 anos. O
Ministério da Saúde informou que ” articula com a OMS as tratativas para aquisição da
vacina monkeypox”. A OMS “coordena junto ao fabricante, de forma global, ampliar o
acesso ao imunizante nos países com casos confirmados da doença”.
Medidas de prevenção
– Evite o contato íntimo e/ou sexual com pessoas que tenham lesões/erupções na pele
ou que já tenham diagnóstico confirmado de MPX;
– Higienize as mãos com frequência;
– Use máscaras em espaços públicos;
– Não compartilhe roupas de cama, toalhas, talheres, copos e objetos pessoais;
– Quando a vacina estiver disponível, vacine-se!
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