A lactose é um açúcar presente no leite de praticamente todos os mamíferos, tendo como única exceção o leão marinho. Trata-se de uma molécula composta por dois açúcares menores, a glicose e a galactose. Assim, quando ingerimos lactose, ela tem que  ser quebrada ao meio, para que a glicose e a galactose se separem, permitindo assim sua absorção pela parede intestinal. Quem faz esta quebra é uma enzima conhecida por lactase.

Indivíduos que não conseguem produzir esta enzima em quantidades adequadas, não conseguem digerir este açúcar. A lactose não digerida, chega ao intestino onde vai ser fermentada por bactérias, gerando gases, distensão, dor abdominal e alteração do hábito intestinal (normalmente diarreia, podendo apresentar, também, constipação).

A falta de digestão da lactose pode também modificar a população bacteriana do tubo digestivo, promovendo aumento de bactérias que “gostam” de lactose em detrimento das outras. Este desequilíbrio pode levar também a vários sintomas extra-intestinais, sendo descritos como sonolência, adinamia e até mesmo depressão. A falta de digestão da lactose não necessariamente leva a sintomas.

Cerca de 70% da população do planeta não digere lactose, mas somente um terço destes presentes sintomas secundários a esta má digestão. Quando a má digestão leva a sintomas, falamos em intolerância. A falta de enzima é normalmente geneticamente determinada, havendo etnias com mais ou menos diGestão. Por exemplo, praticamente 100% dos japoneses não digerem lactose, enquanto somente 20% dos suecos têm esse problema.

O diagnóstico é feito baseado nos sintomas, história clínica, exame físico e exames específicos que envolvem testes genéticos, respiratório, sanguíneos ou mesmo por biópsias intestinais.

Por isso, o médico deve sempre estar atendo para o que chamamos de intolerância secundária, na qual o paciente tem deficiência de lactase secundariamente associada a uma inflamação intestinal que impede a produção da enzima.

O tratamento passa pela parada da ingestão de leite e derivados, estratégia não ideal, já que pode gerar vários problemas nutricionais, principalmente secundários a falta de cálcio e outras vitaminas em que o leite é rico. Pode-se consumir produtos lácteos com baixo teor de lactose, suplementação de algumas cepas de lactobacilos que produzem lactase e utilizar a enzima (lactase) quando se for consumir lactose.

Esta última estratégia parece ser a que menos interfere na qualidade de vida dos pacientes, lembrando que a enzima só deve ser ingerida no momento que vamos consumir a lactose.

Caso seja ingerida lactose em diferentes momentos do dia, a enzima deve ser utilizada também em várias ocasiões. Quando não consumir lactose não há necessidade de usar a enzima.

Fonte: Revista Horizontes, hoje em dia, 14 de Agosto de 2017.