Transmitida pela bactéria treponema pallidum, a sífilis não escolhe idade, sexo ou classe social. A doença é transmitida principalmente por via sexual, mas gestantes podem passar para o bebê durante a gravidez. Apesar do diagnóstico e do tratamento serem rápidos, os casos da doença aumentaram em 5.000% nos últimos cinco anos.

A falta de tratamento pode causar cegueira, demência, e más formações no caso de fetos. O diagnóstico pode ser feito com um teste de resultado em dez minutos, e no caso da sífilis primária apenas uma dose de penicilina benzatina intramuscular é suficiente para a cura.

O aumento dos casos da doença preocupa especialistas. No Brasil, especialmente nos grandes centros urbanos, a infecção dá sinais de avanço rápido e já preocupava as autoridades desde 2000. Dados do Ministério da Saúde revelam que os números de casos notificados de sífilis adquirida, a que se pega através da relação sexual sem camisinha, passaram de 1.249 em 2010 para 65.878 em 2015 – ou seja, um aumento de mais de 5.000% em apenas cinco anos. Mas esse retorno não é exclusivo no Brasil: a Organização Mundial de Saúde – OMS estima que, a cada ano, quase seis milhões de pessoas são infectadas pela sífilis. Por não ter vivido tanto a epidemia de sífilis nas décadas anteriores, a população mais jovem pode estar se descuidando dos métodos de prevenção – o que é temeroso, pois a única forma de prevenir a sífilis é através do sexo seguro.

Ainda existe muito desconhecimento sobre a doença, não apenas em relação ao risco de contágio como em relação às consequências da infecção. É necessário destacar que a sífilis pode comprometer seriamente o sistema nervoso central, levando a doenças neurológicas, como quadros de demência, manifestações auditivas, oculares, e ainda manifestações cardíacas e ósseas.

Na primeira fase da doença, há uma lesão – úlcera que muitas vezes desaparece espontaneamente depois de alguns dias ou semanas, dando a falsa impressão de que o paciente está curado. Num segundo momento, duas ou três semanas após, surge um quadro clínico mais extenso de lesões por todo o corpo – que podem ser confundidas com alergia. O período contínuo, quando o paciente não apresenta sintomas mas transmite a infecção, é chamado de sífilis latente. Quando a doença não é diagnosticada e corretamente tratada, faz-se um quadro ainda mais grave: o da sífilis terciária, já com manifestações neurológicas.

A Coordenadora de DST/AIDS e Hepatites Virais da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, Jordana Costa Lima, esclarece as principais dúvidas sobre a doença:

1) Quais as formas de transmissão da sífilis?

A transmissão pode ocorrer por via sexual seja ela anal, vaginal ou oral. Também existe a transmissão vertical de mãe para filho, durante a gestação ou no momento do parto (sífilis congênita). Há a possibilidade da transmissão por transfusão sanguínea, mas que é rara, devido à triagem rigorosa das bolsas de sangue.

2) Como se previne a sífilis?

A principal forma de prevenção da sífilis é utilizando o preservativo, seja ele masculino ou feminino. É importante ressaltar que em todas as relações sexuais (anal, vaginal e oral) deve-se utilizar o preservativo. Para o combate da sífilis congênita, é importante realizar os exames de pré-natal na gestante. É através destes exames de rotina, tratamento adequado da gestante e do parceiro que se previne a infecção no recém-nascido.

3) Como é o tratamento da doença? Há um tempo médio de duração desse tratamento?

O tratamento da sífilis é simples, basta a prescrição preferencial da Penicilina com doses variadas. O tratamento pode durar em média de 7 a 14 dias, dependendo da fase da doença. Existem outras alternativas para o tratamento da sífilis como por exemplo a doxiciclina e a ceftriaxona sendo utilizados a critério médico.

4) Como é o tratamento da sífilis no caso das gestantes?

A penicilina é o medicamento de escolha para o tratamento da sífilis, sendo a única medicação eficaz que ultrapassa a placenta e chega ao bebê. Também é importante o tratamento do pai da criança para que não transmita a infecção para a mãe.

5) Quais os sintomas e a evolução da infecção em adultos?

A sífilis é uma infecção que possui vários estágios (primária, secundária, terciária e latente). A sífilis primária apresenta uma erosão ou úlcera no local de entrada da bactéria (pênis, vagina, ânus, boca), denominada de “cancro duro”, única e indolor. Esse estágio pode durar entre duas a seis semanas.

A sífilis secundária apresenta sinais e sintomas em média entre seis semanas e seis meses após a infecção e duram entre quatro e doze semanas. Nesse estágio podem ocorrer erupções cutâneas em forma de máculas e/ou pápulas, principalmente no tronco, lesões eritemato-escamosas palmo-plantares não pruriginosas, queda de cabelo, febre, mal estar e dor de cabeça.

A sífilis terciária ocorre após o não tratamento da doença, podendo cursar de dois anos a quarenta anos depois do início da infecção. Nesta fase, a sífilis acomete o sistema nervoso central causando neurossífilis, problemas cardiovasculares e complicações ósseas.

Já a sífilis latente se caracteriza como um período em que não se observa nenhum sinal ou sintoma clínico da doença. A sífilis latente é dividida em latente recente (menos de um ano de infecção) e latente tardia (mais de um ano de infecção). Importante lembrar que o indivíduo continua a transmitir a doença, mesmo sem sintomas.

6) Se não tratada, quais problemas a sífilis pode causar?

A sífilis em adultos, quando não tratada ou tratada inadequadamente, poderá levar a graves problemas, como complicações neurológicas, cardiovasculares, ósseas, além de levar à morte. Já a sífilis em gestantes pode levar a abortos, natimorto (morte ao nascer), parto prematuro e má formação da criança.

Fonte: Sociedade Brasileira de Análises Clínicas